A Praça dos Três Poderes em Brasília (DF), na noite desta quarta-feira (13), foi palco de mais um atentado terrorista. Um homem identificado como Francisco Wanderley Luiz, o “Tiu França”, foi responsável por três explosões, sendo que ele cometeu suicídio em uma delas. As investigações da Polícia Federal ainda estão no início, mobilizando diversas testemunhas, órgãos de segurança e Poder Judiciário. Ele vestia uma roupa semelhante ao do personagem “Coringa”.
Na manhã desta quinta-feira (14), véspera da Proclamação da República, a Praça dos Três Poderes segue sob varredura para localizar outros possíveis explosivos. A segurança foi reforçada em Brasília. O corpo dele seguia no local até as 9h. Ainda não há atualizações sobre as supostas bombas que teria armado nas casas do jornalista William Bonner, do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e de José Sarney, a quem chamou de “comunistas”. Ele teria feito um “desafio” de que os explosivos deveriam ser encontrados até 17h48 do dia 16/11.
Perfil: quem era Francisco Wanderley, o ‘Tiu França’?
Francisco Wanderley é natural de Rio do Sul, em Santa Catarina. Era filiado ao PL (partido do ex-presidente Jair Bolsonaro) e chegou a concorrer ao cargo de vereador nas eleições de 2020, mas perdeu. Nas redes sociais, amigos e familiares próximos dizem que ele sempre foi uma pessoa pacata, mas começou a se radicalizar politicamente com vários discursos, teses e ideias de extrema-direita, além de fundamentar as ideias com teorias da conspiração e notícias falsas.
Conhecido como “Tiu França”, ele foi empresário e era conhecido pelos bares, boates e casas de show que administrava na década de 1990. Nos últimos anos, além de se dedicar à política, vinha trabalhando como chaveiro. Mais recentemente, começou a ter discursos mais radicais. Pouco tempo antes do atentado desta quarta-feira, ele fez diversas publicações com ataques ao STF, Lula e à esquerda. O perfil dele foi desativado após o atentado terrorista suicida.
No celular de Francisco Wanderley, foram encontradas mensagens para ele mesmo. Entre elas, fotos que havia tirado dentro da sede do Supremo Tribunal Federal (STF), possivelmente o principal alvo do plano dele. Havia mensagens com teor bíblico, teorias da conspiração como “Operação Storm”, crianças com dentes arrancados para fazer sexo oral no arquipélago do Marajó, defesa dos presos no atentado golpista de 8 de janeiro de 2023 e o desprezo pelo número 13.
Recentemente ele teria se afastado de familiares e amigos, incluindo a ex-companheira e o filho. As investigações tentam compreender o quanto esses fatos podem ter influência direta com o atentado suicida. Mesmo com aparente transtorno mental, fanatismo político e religioso e ações que podem facilmente ser classificadas como atos de terrorismo — que poderiam ter tido consequências muito mais trágicas —, há quem esteja o considerando um herói.
Veja uma das publicações resgatadas do perfil de ‘Tiu França’:
Planejamento e execução do atentado em Brasília
Há várias testemunhas que estão sendo ouvidas para compreender toda dinâmica das ações de “Tiu França”. Até agora, sabe-se que tudo começou por volta de 19h30, com a explosão do carro dele. No veículo, foram encontrados tijolos e fogos de artifício. Ele chegou a ser visto por uma servidora do Tribunal de Contas da União (TCU), que relatou tê-lo visto com uma sacola plástica na mão e ele acenou para ela.
Aproximadamente às 19h45, ele chegou à sede do STF. Primeiro jogou um explosivo contra o prédio, mas não se sabe se ele pretendia jogar na estátua “A Justiça” (vandalizada no dia 8 de janeiro de 2023) ou se era para realmente ficar debaixo da marquise. Em seguida, ele avisou a um segurança que estava com explosivos. Mostrou que estava com explosivos colados ao corpo. Então deitou-se e acionou um explosivo sob a nuca.
Francisco Wanderley estava morando em Ceilândia, há cerca de 20 dias, em uma casa alugada, cujo interior ainda não foi revelado. As investigações tentam identificar se ele tinha comparsas, mentores ou financiadores do atentado. E rastrear como ele conseguiu os explosivos. Pelas mensagens no celular e publicações em redes sociais, os crimes pareciam ter sido premeditados e comunicados, incluindo a data: dia 13, número do PT e que ele dizia não gostar.
Outra aparente premeditação do atentado é que ele queria que os atos dele fossem vistos como uma espécie de “combustível” para uma grande mobilização da extrema-direita brasileira, com manifestações que poderiam reeditar o atentado golpista do dia 8 de janeiro de 2023 no feriado desta sexta-feira (15), Dia da Proclamação da República. Nas redes sociais, há alguns dias, grupos já vinham convocando atos para a data.
(Victor Furtado, da Redação do Fato Regional)
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