sexta-feira, 22 de novembro de 2024

FALE COM FATO REGIONAL

Envie Notícias, Fotos e Sugestões

FALE COM FATO REGIONAL

Envie Notícias, Fotos e Sugestões

Agricultores devem ficar atentos a sementes suspeitas não encomendadas

Alerta inicial foi dado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), após caso registrado em Santa Catarina. Adepará agora reforça o alerta.
As sementes suspeitas usam endereços em língua chinesa, mas a Embaixada da China já confirmou que se tratam de endereços falsos. (Foto: Secom RR)

Produtores rurais de todo o país têm relatado o recebimento de um pacote de sementes não solicitado. O produto estaria vindo como cortesia, junto a outros produtos encomendados. Mas outras pessoas sequer pediram nada e receberam as tais sementes. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) fez o primeiro alerta, após o primeiro caso oficial, em Santa Catarina. E agora a Agência de Defesa Agropecuária do Pará reforça o alerta: esses produtos não devem ser plantados e nem descartados. Há potencial risco biológico.

O material, como informam o Mapa e a Adepará — que no estado estão trabalhando juntos para conter possíveis riscos pelas sementes suspeitas —, não passou por nenhuma fiscalização oficial de órgãos competentes. As amostras que estão sendo recebidas por entidades estaduais e federais estão sendo analisadas. E a origem desses produtos está sendo rastreada. Há registros dessas sementes sendo recebidas nos Estados Unidos da América.

Em nota, o Mapa disse ter contatado o órgão de defesa agropecuária americano (APHIS-USDA). A resposta é que o caso está sob investigação em conjunto com outras agências de segurança dos Estados Unidos. Até o momento, as evidências apontam para uma ação conhecida como brushing scam. É uma estratégia do e-commerce utilizada para gerar números falsos de pedidos e análises positivas, o que beneficiaria vendedores on-line e sites. A Embaixada da China no Brasil já confirmou que os endereços que constam nos produtos são falsos.

Para evitar o risco fitossanitário, a Adepará recomenda que as sementes não sejam utilizadas nem descartadas no lixo comum. “O cidadão que receber as sementes em casa, deve lacrar o envelope e se dirigir ao escritório Adepará mais próximo para entregar o material. O ideal seria que o envelope permanecesse lacrado”, ressalta Tatiana Assis, gerente do Programa de Sementes e Mudas da Adepará.

As sementes recebidas pela Adepará serão encaminhadas para análise laboratorial do Mapa. “O objetivo é identificar a presença de insetos e até possíveis patógenos que ele carregue involuntariamente”, detalha a especialista. Patógenos são organismos capazes de causar doença em um hospedeiro, como algumas bactérias, fungos e vírus.

As sementes recebidas pelos correios devem ser entregues em embalagens lacradas no escritório da Adepará mais próximo. Os endereços e telefones de contato estão disponíveis no site da Adepará. Clique aqui para acessar.

Qualquer pessoa está sujeita a receber as sementes, o que aumenta a preocupação das autoridades responsáveis pela defesa agropecuária. Quem afirma é o auditor federal fiscal agropecuário e chefe do serviço de fiscalização, inspeção e sanidade vegetal da Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Pará (SFA-PA), Wagner Xavier da Conceição.

“O produtor rural já conhece os riscos da utilização de sementes de procedência duvidosa ou de baixa qualidade. Ao receber um material como este que está sendo enviado, ele acionaria os órgãos competentes. Porém, essas sementes estão sendo enviadas para áreas urbanas e recebidas por pessoas que, em sua maioria, não conhecem o procedimento correto e a importância dele”, alerta Wagner.


Já há em Belém registros de recebimento do envelope contendo sementes asiáticas que nem dá para saber se são mesmo asiáticas. “O maior risco do descarte inadequado é a contaminação da horticultura paraense, já que este material pode trazer pragas ou doenças que não existam ou estejam erradicas, o que coloca em risco a sanidade da produção agrícola, além de causar prejuízos econômicos”, explica o auditor federal.

(Victor Furtado, da Redação Fato Regional, com informações da Adepará e do Mapa)