Um levantamento inédito do MapBiomas reforça a necessidade de preservar a cobertura de vegetação nativa dos biomas brasileiros, especialmente na Mata Atlântica, no Pampa e da Amazônia brasileira. Do total de 37 bilhões de toneladas (gigatoneladas – Gt) de carbono orgânico do solo (COS) existentes no Brasil em 2021, quase dois terços (63%) estão estocados em solos sob cobertura nativa estável (23,4 Gt COS). Apenas 3,7 Gt COS estão estocados em solos de áreas que foram convertidas para uso antrópico desde 1985. Mais da metade (quase 20 Gt COS) fica na Amazônia.
Desse total da Amazônia, 87% (17,4 Gt COS) ficam em áreas naturais. As áreas antrópicas, por sua vez, armazenam apenas 2,4 Gt COS. Embora o estoque médio por hectare do bioma seja de 48 t/ha, essa média sobe para ~50 t/ha no caso das formações florestais. Nas áreas de pastagem, estima-se estoque de ~40 t/ha
Analisando o estoque médio de COS por hectare, Mata Atlântica e Pampa se destacam com os maiores valores: média de 50 t/ha e 49 t/ha, respectivamente, enquanto na Amazônia este valor é de 48 t/ha. Os menores estoques são encontrados na Caatinga (média de 31 t/ha). Esse monitoramento é um instrumento guia para a implementação das práticas de agricultura de baixo carbono no Brasil.
Entre 1985 e 2021 a quantidade de carbono estocado no solo coberto por floresta no Brasil reduziu de 26,8 Gt para 23,6 Gt. Isso significa uma perda de 3,2 Gt, ou mais que todo o estoque da Caatinga em 2021 (2,6 Gt) e equivale a quase seis anos de emissões de gases de efeito estufa do Brasil.
“Essa iniciativa visa desvendar a evolução dos recursos do solo ao longo do tempo e do espaço, adotando uma abordagem científica aberta e colaborativa. Ainda é uma versão beta, sujeita a muitos aprimoramentos, mas é um avanço importante no mapeamento digital de solos e oferece subsídios valiosos para a conservação e uso sustentável do solo no Brasil”, explica a professora Taciara Zborowski Horst, uma das coordenadoras do mapeamento.
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Um terço dos solos do mundo está moderado ou altamente degradado
Dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) apontam que um terço dos solos do mundo está moderada ou altamente degradado e a erosão do solo, que arrasta entre 20 e 37 bilhões de toneladas da camada superior do recurso anualmente, reduz a capacidade do solo de armazenar e reciclar carbono, nutrientes e água.
Para o mapeamento, foram processados dados de 9.650 amostras de solo coletadas no campo por iniciativas de órgãos públicos desde a década de 1950, como o Projeto RADAMBRASIL.
O solo é um dos quatro grandes reservatórios de carbono do planeta, junto da atmosfera, os oceanos e as plantas, que absorvem carbono em seu processo de crescimento. Se estoca carbono orgânico, o solo quando em estado de degradação pode liberar o elemento para a atmosfera na forma de gás carbônico e metano, agravando as mudanças do clima.
(Da Redação do Fato Regional)
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