O corpo do agricultor Ozéas dos Santos Ribeiro, de 37 anos, foi liberado após passar por perícia no Instituto Médico Legal de Marabá. Ele foi morto por tiros de agentes da Força Nacional que estão na operação de desintrusão da Apyterewa, em São Félix do Xingu, no sul do Pará. Na última quinta-feira (19), a Polícia Federal voltou ao local onde o trabalhador rural foi morto, na Vila Renascer, para uma nova perícia, três dias após a morte dele.
Todas as informações oficiais sobre a operação foram centralizadas num gabinete de comunicação. No entanto, a confirmação da liberação do corpo foi por uma fonte de Marabá, nesta segunda-feira (23), devido à demora no retorno das forças federais. A Polícia Federal não tem dado atualizações sobre o caso. E como se tratou de uma morte cometida por agentes federais, num território federal, o Governo do Pará não pode dar informações sobre o caso por ser de jurisdição federal. Apenas a estrutura do IML foi usada.
Após a perícia na última quinta-feira, testemunhas da morte de Ozéas começaram a ser intimadas a prestar depoimento. No dia 16 de outubro, quando o agricultor morreu, várias pessoas se reuniram ao redor do corpo. Apesar de ser um local de crime e que deveria ser preservado, não houve esse tipo de proteção. A Polícia Científica só fez um levantamento da área e recolhimento do corpo horas após a morte dele, devido à distância. A perícia final ficou a cargo da PF.
Por nota, a Assessoria de Comunicação da Operação de Desintrusão reconheceu que a Força Nacional fez o disparo fatal contra Ozéas e informou que “A orientação do governo federal é usar a força somente no que é estritamente necessário para cumprir a ordem judicial. Contudo, na última segunda-feira (16/10), um dos invasores tentou tomar a arma de um dos policiais da Força Nacional de Segurança, resultando em um tiro que, infelizmente, levou a óbito o invasor”. O agente foi afastado das funções.
Para testemunhas e não testemunhas, a versão da Força Nacional não tem sentido. Ozéas era uma pessoa muito simples e humilde, mas não iria tentar fazer algo tão perigoso, desarmado, contra um grupo de agentes armados e treinados, sendo que estava sozinho. As investigações sobre o caso seguem, assim como a operação, que tem data para encerrar no dia 31 de outubro. Cerca de 2 mil famílias não indígenas deverão deixar a área, que será reservada à vivência dos indígenas Parakanã.
(Da Redação do Fato Regional)
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