Pela primeira vez no Brasil, o presidente da França, Emmanuel Macron, esteve no Pará nesta terça-feira (26). Ele, o presidente Lula (PT) e o governador Helder Barbalho (MDB) visitaram a ilha do Combu, na Região das Ilhas de Belém, que será a sede da COP 30 no ano que vem. Lá tiveram a primeira reunião da agenda de três dias no país e fecharam um acordo de investimentos de 1 bilhão de euros (cerca de R$ 5,4 bilhões) na Amazônia.
Após um tour de barco em Belém, Lula e Helder acompanharam Macron numa cerimônia para a condecoração do cacique Raoni, um líder da etnia Kayapó — tradicional da região Sul do Pará, presente em Ourilândia do Norte e São Félix do Xingu — e que é mundialmente conhecido pela atuação global de paz e respeito aos povos originários da Amazônia. O indígena, na presença de ministros como Marina Silva e Sônia Guajajara e a secertária estadual Puyr Tembé, recebeu a Legião Nacional da Honra, mais alta comenda francesa.
O acordo firmado será em projetos de economia sustentável na Amazônia Legal e na Guiana Francesa para os próximos quatro anos. Em comunicado do Governo Federal à imprensa, os investimentos resultarão num grande plano de investimento global, público e privado, para a Bioeconomia, no âmbito da presidência brasileira do G20. A Bioeconomia é uma das principais políticas ambientais e econômicas do governador Helder Barbalho e que pode ter o Pará como expoente mundial e movimentar mais de US$ 120 milhões por ano.
Na prática, o plano deverá será da seguinte forma:
- investimentos na conservação e no manejo sustentável das florestas
- planejamento e valorização econômica dos ecossistemas e áreas florestais
- tecnologias baseadas em recursos biológicos, práticas agroecológicas e conhecimentos tradicionais
- cursos de capacitação e criação de empregos
- pesquisa para desenvolvimento de indústrias sustentáveis, com alto potencial nos mercados interno e externo, em todos os setores da economia florestal
- investimentos na agricultura para contribuir com a conservação, o manejo sustentável e/ou a restauração das florestas e da biodiversidade
- inclusão de povos indígenas e as comunidades locais no centro da tomada de decisões
- aumento da capacidade de sequestro de CO2 das florestas e redução das emissões de CO2 no setor florestal
Ainda na agenda em Belém, o presidente Lula afirmou a Macron que a COP 30 será a mais organizada do mundo. “Você, no ano que vem, vai ter o privilégio de vir aqui no estado do Pará, ouvir a Amazônia falar para o restante do mundo aquilo que nós pensamos, aquilo que nós queremos. Nós não queremos transformar a Amazônia no santuário da humanidade. O que nós queremos é compartilhar com o mundo a exploração e a pesquisa da riqueza da nossa biodiversidade, mas que os indígenas possam participar de tudo que for usufruindo das terras onde eles moram”, disse.
“Estamos comprometidos em garantir que a COP 30 seja um evento de excelência e organização exemplar. Ficamos felizes em ver a sinalização mais do que clara de que o Executivo federal está priorizando a bioeconomia, assim como o Pará já fez de forma pioneira no país, pois esse é o caminho para que possamos testemunhar a transformação que a economia da floresta poderá fazer, sobretudo na nossa qualidade de vida. Por isso, o Pará está empenhado em receber o mundo de forma acolhedora e eficiente, trabalhando incansavelmente para garantir o sucesso deste importante evento global”, disse o governador Helder Barbalho.
No entanto, algo que há anos é esperado pelo Governo Federal, que é um acordo para incluir a Guiana Francesa ao Mercosul, não aconteceu. E possivelmente não há indicativo de que vá ocorrer tão cedo.
(Victor Furtado, da Redação do Fato Regional, com informações da Agência Pará)
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