Famílias que foram expulsas da Extensão Apyterewa, em São Félix do Xingu, no sul do Pará, possivelmente vão passar o Natal em barracos improvisados na estrada. Foi a única forma que muitos moradores e produtores da área, que passa por uma operação de desintrusão, encontraram para se abrigar. O Governo Federal, que foi obrigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a executar a operação, informou que todas as pessoas previstas foram retiradas do território.
As barracas foram montadas a cerca de 1,5 km da Vila São Francisco, um dos três grandes núcleos de moradores. Diante da pressão dos agentes federais — vários moradores, de forma anônima, relatam truculência policial —, famílias saíram apenas com a roupa do corpo. Sem condições de levar outros bens, deixaram móveis e animais para trás. Uma das épocas mais familiares do ano deve ser vivida em meio a precariedade e tristeza. Várias crianças seguem sem entender por que saíram de casa.
Na Vila Renascer, um morador mostrou em vídeo o que restou do que era o maior núcleo de habitação da Extensão Apyterewa: um rastro de destruição com várias casas demolidas. Os poucos imóveis em pé, já apresentavam mobiliário para fora e estruturas próximas danificadas. “É como um filme de terror. É como se fôssemos um monte de bandidos e é isso o que temos para mostrar”, diz o morador que faz o vídeo, apontando imóveis como escola e igreja destruídos. O narrador diz que as imagens foram feitas no domingo (17).
A desintrusão começou em outubro para a retirada total das famílias que moravam na área de 774 mil hectares, que será destinada à vivência exclusiva dos indígenas da etnia Parakanã e preservação ambiental. A ação foi determinada pelo ministro presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso. Em boletim divulgado no sábado (16), a Assessoria de Comunicação da Operação de Desintrusão da Apyterewa disse que a retirada de todos os moradores da vila Renascer foi concluída.
O relatório final da CPI das ONGs, que esteve em São Félix do Xingu aponta que houve erros históricos e legais na demarcação da área, que deveria passar por um novo estudo antropológico.
(Victor Furtado e Jucelino Show, da Redação do Fato Regional)
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