sábado, 27 de julho de 2024

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ENTENDA: Governo Federal está proibido de apoiar ou estimular o uso do “kit covid de tratamento precoce”

Medicamentos usados nesse tipo de terapia contra covid-19, como afirma a Organização Mundial da Saúde, não têm nenhuma eficácia. Em alguns casos, até criam outros problemas.
(Foto: Redes Sociais de Itagi, na Bahia)

A Justiça Federal de São Paulo determinou que o Governo Federal não pode mais apoiar ou estimular o uso do “kit covid” para “tratamento precoce” ou tratamento padrão. Isso inclui não fazer mais nenhuma propaganda ou adotar qualquer ação. Por alguma razão, após meses defendendo e até pagando influenciadores digitais para defender esses tratamentos alternativos, o Governo Federal vem negando essa narrativa.

Essa decisão é da juíza Ana Lúcia Petri Betto, da 6ª Vara Cível Federal de São Paulo. Foi acatada uma ação civil pública protocolada por Luna Zarattini Brandão (PT) contra o ex-secretário de Comunicação da Presidência da República, Fabio Wajngarten. A ACP também é contra a agência Calia/Y2 Propaganda e Marketing e os influenciadores Flavia Viana, João Zoli, Jessica Tayara e Pam Puertas.

Documentos anexados ao processo indicam que os influenciadores foram contratados pelo governo federal ao custo total de R$ 23 mil. “O briefing encaminhado pelo Ministério da Saúde indica, de maneira expressa, o ‘cuidado precoce para pacientes com Covid-19’, como ‘job’. Estabelece, ainda, que ‘para auxiliar na sua decisão, o Ministério da Saúde colocou à disposição desses profissionais um informe que reúne tratamentos em estudo no mundo que mostram resultados positivos na recuperação de pacientes'”, justificou a magistrada no texto da decisão.

Outros métodos que apoiem ou estimulem o uso do “kit covid” ou do “tratamento precoce”, como a tentativa frustrada de lançar um aplicativo do Ministério da Saúde, chamado TrateCov, estão proibidas pela mesma decisão. Por sinal, o app TrateCov, que foi removido após solicitação do Conselho Federal de Medicina (CFM), é um dos alvos da CPI da Pandemia no Senado.

Saiba mais sobre o fracasso do TrateCov e a CPI da Pandemia, em FATO REGIONAL

Bolsonaro segurando uma caixa de hidroxicloroquina em live na noite de 9 de abril. (Foto: Reprodução / Facebook de Jair Bolsonaro)

Mas o que é exatamente o “kit covid” e o “tratamento precoce”, refutados pela Organização Mundial da Saúde?

O “kit covid” ou “tratamento precoce” é composto de cloroquina ou hidroxicloroquina (a base é a mesma, mas são medicamentos diferentes, ambos para malária e lúpus); ivermectina (um antiparasitário eficaz contra piolhos e tem até uma versão de uso veterinário); e azitrominicina di-hidratada (antibiótico, medicamento que não funciona contra vírus). Muitas prefeituras e até hospitais receitavam essa combinação de medicamentos no primeiro pico da pandemia, quando ainda não se sabia quase nada sobre covid-19 e o agente causador, o coronavírus SARS-CoV-2.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) — maior autoridade de políticas de saúde pública do mundo —, com base em vários estudos sérios, já determinou: a covid-19 não pode e não deve ser tratada com cloroquina, hidroxicloroquina, azitromicina ou ivermectina. Pacientes que tomam esses medicamentos estão sujeitos a outros problemas, como doenças cardíacas, renais e no fígado. A única saída para a pandemia, neste momento, é vacina, higiene, uso de máscara e distanciamento social (dentro das possibilidades de cada pessoa).

Porém, como o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), planos de saúde, governos estaduais e prefeituras seguiram administrando e recomendando esses medicamentos, muitas pessoas começaram a usar sem prescrição médica e para “prevenir” a covid-19. Em todo o Brasil, profissionais da saúde registram pessoas com efeitos colaterais graves pelo uso desses medicamentos sem orientação.


(Victor Furtado, da Redação Fato Regional)

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