quinta-feira, 21 de novembro de 2024

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Faepa considera 2024 ano desastroso para a pecuária do Pará e aponta aumento do preço da carne neste final de ano

Especialistas apontam que o aumento do preço da carne bovina ainda pode levar a uma reação em cadeia com outras proteínas e até mesmo leite. Só entre setembro e outubro os preços nos frigoríficos dispararam e consequentemente os preços para o consumidor final, que viu aumentos acumulados de 8,95% nos últimos dois meses. Os preços podem seguir em alta até 2026.
Somente entre setembro e outubro, a carne bovina já acumula 8,95% de reajuste (Foto: ©CNA / Wenderson Araujo / Trilux / todos os direitos reservados)

Quem é atento aos preços da carne bovina nos supermercados e açougues, percebeu que do sopão ao churrasco premium ficou mais caro consumir carne vermelha. Pelos registros do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre setembro e outubro, a proteína acumula aumentos de 8,95%. Esse é o reflexo de uma série de fatores combinados, que deve salgar a conta para o consumidor final pelo menos até 2026. Do outro lado, produtores veem que esta é a saída de um dos piores anos para a pecuária do Pará e de todo o Brasil.

Há quatro elementos centrais que explicam o aumento do preço da arroba do boi gordo e, consequentemente, dos preços ao consumidor final: o ciclo pecuário (2 anos de aumento do abate e 2 anos com redução de oferta); as emergências climáticas e queimadas; os recordes de exportações; e aumento do consumo. No entanto, para Guilherme Minssen, zootecnista e diretor da Federação da Agricultura e da Pecuária do Pará (Faepa), 2024 foi um ano desastroso para a cadeia produtiva de carne bovina.

Importante lembrar que a carne bovina é a principal proteína no cálculo do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Logo, aumento da carne vermelha acaba, de certo modo, puxando os valores das demais proteínas, como a de porco e a de frango, que já deverão ter aumentos de preço naturais por serem o refúgio do consumidor quando a carne de boi encarece. Inclusive, o leite pode ter preços afetados e atingir outros alimentos derivados por tabela. O Governo Lula (PT) terá 2 anos desafiadores para encontrar medidas de controle dos preços de um dos motes da campanha em 2022.

As arrobas do boi gordo começaram a subir após o ano de 2024 ser considerado péssimo para os pecuaristas (Foto: Adepará / Agência Pará / Imagem Ilustrativa)

Nesta quinta-feira (14), o preço da arroba do boi gordo bateu R$ 335,15 no mercado nacional. Pecuaristas já esperam que a cotação possa chegar a R$ 350.

Carne mais cara: veja os aumentos entre setembro e outubro de 2024

  • Acém: 9,09%
  • Costela: 7,4%
  • Peito: 7,2%
  • Patinho: 6,58%
  • Músculo: 6,26%
  • Lagarto comum: 6,16%
  • Chã: 6,08%
  • Contrafilé: 6,07%
  • Alcatra: 5,79%
  • Capa de filé: 5,46%
  • Pá: 5,21%
  • Filé mignon: 5,12%
  • Cupim: 3,8%
  • Picanha: 3,73%
  • Lagarto redondo: 3,62%
  • Fígado: 2,32%

FONTE: IBGE

Carne do Pará, estado com um dos maiores rebanhos bovinos, é a mais barata do Brasil

Em outubro, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), as exportações bateram 301.166 toneladas, considerado o maior volume para o mês desde o início da série histórica de 1997. Outros fornecedores globais não têm dado conta de atender à demanda e a pecuária nacional aproveitou a fatia de mercado. Logo, menos carne tem sobrado para o mercado local. Esse não é tanto o caso dos produtores da região Norte, mas é um fator a ser considerado.

Guilherme Minssen, zootecnista e diretor da Faepa, elogia os avanços e qualidade do trabalho dos pecuaristas do Pará e do Brasil e diz estar preocupado com a pressão e confusão ideológica contra o setor (Foto: Divulgação)

“A carne brasileira é a mais barata do mundo. No Brasil, a mais barata é do Pará. 2024 foi o pior para pecuária dos últimos tempos. Além da baixa de preços, não havia escala para abate. Tinha animais, mas não tinha comprador. Mesmo com produto extremamente barato, os consumidores não tinham condições de comprar. Com esse cenário, aumentou o abate de fêmeas, e muitas foram prenhas para o frigorífico, e de bezerros. Os produtores precisavam pagar suas contas. O resultado é que agora estão faltando bezerros”, explica Guilherme, apontando o início de uma cadeia.

Com aumento das exportações, os frigoríficos começaram a oferecer preços melhores a produtores e a oferta já começa a diminuir (Foto: Agência Senado / Arquivo)

Faltando bezerros, logo vai faltar boi gordo e a oferta para 2025 e 2026 vai cair, levando o mercado a cobrar mais caro pela carne bovina que chega aos consumidores. Com isso, Gulherme Minssen avalia que os preços podem ser ainda piores para a população. “Estamos prestes a ter preços muito elevados de carne como já tivemos por aqui em anos anteriores. Não há como estimar o quanto vai subir. Mas é fato que mesmo num estado com 26 milhões de cabeças de gado, esse aumento nacional será sentido. Os frigoríficos já estrão oferecendo preços mais altos aos produtores”, comenta.

“Nossa produtividade está maior. Produzimos mais, em menor área, em menor tempo e em ambiente equilibrado. O pecuarista brasileiro, principalmente o paraense, e muito mais eficiente. Porém, temos uma força contra o setor por questão ambiental e fundiária, fatores que afetam rebanho e oferta. Estamos acompanhando e muito preocupados essas apreensões de gado, esses conflitos no Oeste e no Sul do Pará. Alguém vai pagar a conta e vai ser o coitado do nosso cidadão, do consumidor”, conclui o diretor da Faepa.

(Victor Furtado, da Redação do Fato Regional)


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