O médico Thiago Carlos Brendo Polveiro da Silva, da atenção básica de São Félix do Xingu, no sul do Pará, usou as redes sociais para denunciar um caso ocorrido no Hospital Regional Público do Araguaia (HRPA), em Redenção. No relato do profissional, uma paciente foi exposta ao risco de agravamento da condição ou mesmo morte. O caso teria sido comunicado por e-mail, em ocorrência administrativa e em boletim de ocorrência policial.
Thiago afirma que o caso começou na tarde do dia 29 de julho. Ele estava atendendo uma paciente que precisava de cuidados mais especializados. A paciente estava em ventilação mecânica. O médico foi destacado para acompanhá-la na transferência para o HRPA, em Redenção. O leito de UTI já estava liberado e reservado para ela. A irmã da paciente acompanhou a viagem.
No relato, Thiago diz que os problemas começaram já no desembarque da ambulância. Um técnico de enfermagem identificado pelo médico como Fagner, teria discutido com ele pela ausência de um cateter. O funcionário do HRPA teria se recusado a buscar um, ainda que o próprio médico assegure que o item não seria totalmente necessário naquela condição, já que a paciente estaria em ventilação manual. A discussão continuou e o médico disse ter se sentido intimidado.
Para solucionar a questão, Thiago diz ter sido obrigado a procurar pelo médico líder da equipe do turno. Para isso, se afastou da paciente. Entre conseguir sair da ambulância e entrar no HRPA, teriam se passado cerca de 30 minutos, como relata o médico. O profissional responsável pela equipe do turno no hospital ajudou a garantir a entrada da paciente. A irmã dela já estava chorando e assustada.
Já dentro do hospital, uma técnica de enfermagem teria, na avaliação do médico de São Félix do Xingu, quebrado protocolos e dito que a paciente estaria em parada cardiorrespiratória. Thiago afirma que não e garante que o médico responsável do HRPA também não atestou a condição. A funcionária teria gritado e deixado a irmã da paciente ainda mais desesperada. O médico ficou preocupado com a própria integridade física de acabar sendo responsabilizado.
“Vale lembrar que o trajeto até a mencionada cidade é uma viagem longa, com estrada inóspita em que há muitos acidentes com risco de morte. Mas mantive a minha fé e coragem, honrando meus juramentos e oferecendo uma chance para paciente e aliviando a angústia dos familiares. Informo registro de boletim de ocorrência policial contra o referido profissional. Peço respeito e compreensão, pois há sobrecarga de demanda do SUS com déficit de financiamento em nível nacional. Na prática, o sistema está longe do que promete nos termos da lei e mais ainda da perfeição”, concluiu Thiago.
O que dizem o HRPA e a Sespa sobre o caso
Por nota, a Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa) respondeu ao Fato Regional que “…as denúncias não procedem. Sobre a paciente citada no caso, informamos que continua sendo bem assistida pela equipe médica. A Sespa ratifica sua posição contrária a qualquer forma de constrangimento ou negligência e por isso incentiva uma abordagem precisa, voltada à segurança do paciente”. O HRPA é gerido pela organização social Asalc.
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(Da Redação do Fato Regional)