Aproximadamente 105 mil paraenses correm o risco iminente de serem atingidos por desastres naturais, semelhante aos que estão ocorrendo em Minas Gerais e no Espírito Santo. As fortes chuvas que já culminaram só no primeiro mês deste ano em mais de 60 mortes e 59 mil desabrigados nestes dois estados pode se repetir em mais de um quarto dos municípios paraenses, segundo dois estudos inéditos, divulgados no segundo semestre do ano passado, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden): “População em áreas de risco no Brasil” e o mapa “Suscetibilidade a deslizamentos do Brasil 2019: primeira aproximação”.
As pesquisas mapearam 180 polígonos de risco espalhados por 39 municípios do Estado (27% do total dos 144 municípios). Nessas áreas foram identificadas 25.436 moradias, com 105.730 paraenses vivendo sob a ameaça constante de serem vítimas de desastres naturais.
Os municípios com o maior número de pessoas em risco são Marabá e Altamira, que aparecem no levantamento com 22.578 moradores (9,7% da população total do município) e 13.129 (13,3%), respectivamente. Em ambos, são mais de oito áreas vulneráveis a desastres naturais. Parauapebas, surge em seguida, com 10.298 habitantes em risco. O município é o que possui o maior número de regiões suscetível a uma tragédia ambiental. São 15 no total, onde estão alocadas 2.774 residências.
Em Belém, são 2.195 domicílios em 10 áreas ameaçadas por desastres, onde residem 8.303 habitantes – 0,60% da população total. Em todo o País, são 8.270.127 habitantes em áreas de risco, distribuídas por 8.309 polígonos de risco, com 2.471.349 domicílios particulares, em 872 municípios. Cerca de 30% desses paraenses que vivem em áreas de risco de deslizamento, inundações e enxurradas são idosos (9,6%) ou crianças com menos de cinco anos (19,2%), os grupos etários mais vulneráveis.
“Uma chuva forte pode ter desdobramentos diferentes, por exemplo, se ocorrer em uma região em que há muitos idosos ou pessoas com deficiência de locomoção, que podem precisar de mais atenção no momento de um resgate”, cita a pesquisadora Marianne Assis, do Cemaden, responsável pelo monitoramento das áreas de risco. “Se a área em questão tem (ou não) esgotamento sanitário é fundamental para saber como responderá a uma chuva forte”, completa.
Esgotos
São 183 variáveis sobre o morador, como faixa etária, sexo, nível de renda, grau de educação, entre muitas outras; além de outras 135 variáveis sobre o domicílio, tais como esgotamento sanitário, água encanada, coleta de lixo, etc.
“A falta de saneamento, por exemplo, pode provocar inundações e deslizamentos e também pode ser crucial no pós-desastre, se as pessoas estarão expostas a águas não tratadas”, explicou Dennis Rodrigues, pesquisador do Cemaden. “Com essas informações, as ações da defesa civil podem ser otimizadas”, disse Marianne Assis.
No caso do Pará, dos 888.233 domicílios vistoriados nesses 39 municípios, 55,25% não tinham rede geral de esgoto ou fossa séptica, consideradas formas de esgotamento adequadas. Se considerar apenas as 25.436 habitações em área de risco no Estado, são 74,08% nessa situação.
Fonte: O Liberal