Mauro Cid, tenente-coronel do Exército Brasileiro e ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), voltou a ser preso nesta sexta-feira (22), como confirmou o Supremo Tribunal Federal (STF). Ele foi intimado a prestar um novo depoimento à Polícia Federal, após dizer a um interlocutor desconhecido, em áudios que foram vazados e publicados pela revista Veja, que teria sido coagido durante os depoimentos dele para o acordo de delação premiada.
Nos áudios vazados, Mauro Cid disse que a PF e o ministro Alexandre de Moraes já tinham uma “narrativa pronta” e que queriam que ele dissesse, na delação premiada, apenas coisas específicas. E ele estaria sendo coagido para isso. Diante do que a Polícia Federal considerou uma calúnia contra a corporação, acionou o STF para solicitar o novo depoimento, que foi autorizado. O ministro também se sentiu caluniado e difamado.
Foram cerca de 30 minutos de depoimento e então Mauro Cid foi preso novamente por suspeita de obstrução de justiça e descumprimento de medidas judiciais. O STF ainda não confirmou, mas o militar pode perder os benefícios acordados para a delação premiada. Mauro Cid aceitou colaborar com as investigações sobre o caso do desvio das joias sauditas envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michele Bolsonaro; as fraudes em cartões de vacina; e planejamento da suposta tentativa de golpe de estado.
A primeira prisão de Mauro Cid ocorreu em maio de 2023, durante a investigação da fraude aos sistemas do Ministério da Saúde e falsificação de documentos de comprovação de vacinação contra covid-19. Jair Bolsonaro foi indiciado por esses crimes. Para o STF e a PF, as fraudes já confirmadas nas diligências possivelmente teriam a ver com o planejamento da suposta tentativa de golpe e que culminou com a arruaça e destruição das sedes dos Três Poderes em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023.
Os áudios de Mauro Cid são considerados pelo advogado Cezar Bittencourt, que representa o militar, apenas como um desabafo. Em nota enviada ao blog da jornalista Camila Bonfim, ele diz: “Mauro César Babosa Cid em nenhum momento coloca em xeque a independência, funcionalidade e honestidade da Polícia Federal, da Procuradoria-Geral da República ou do Supremo Tribunal Federal na condução dos inquéritos em que é investigado e colaborador, aliás, seus defensores não subscrevem o conteúdo de seus áudios”.
Para agentes ligados às investigações que têm como base as delações de Mauro Cid — várias delas confirmadas a partir de diligências que apreenderam provas que estão sob análise —, o comportamento do militar e o vazamento do áudio são suspeitos. O tenente-coronel estava em liberdade e a pena dele poderia ficar em torno de 2 anos no regime aberto. Com a nova prisão e risco de perder os benefícios da delação, pode pegar 15 anos ou mais em regime fechado.
Para ministros do STF, há suspeitas de que os vazamentos tenham sido alguma espécie de recado ou armação, já que ele não seria diretamente beneficiado com essa manobra a menos que estivesse visando outro tipo de benefício ainda não identificado. Outra possibilidade é de que ele esteja sendo ameaçado. As investigações seguem.
(Victor Furtado, da Redação do Fato Regional, com informações da CNN, Metrópoles e G1)
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