quarta-feira, 15 de maio de 2024

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ASSISTA O VÍDEO: Liderança Kayapó pede legalização de garimpo em terras indígenas

Voz dissonante de outras lideranças indígenas, de diversas etnias do Brasil, apoia extração mineral nos territórios tradicionais e diz que os povos estão em parceria com garimpeiros. Ele faz apelo ao presidente Jair Bolsonaro por legalização do garimpo.
Liderança Kayapó diz que garimpos são forma de sustento de indígenas e que as políticas públicas para povos tradicionais não estão ajudando em nada. (Foto: Reprodução / Redes Sociais)

Beto Kenourukware, representante do Instituto Kenourukware Kayapó (IKKA), aparece em um vídeo defendendo a atuação de garimpeiros em terras indígenas do Pará. Desde domingo (20), um grupo de empresários do setor faz um protesto, no quilômetro 10 da rodovia BR-158. Fica próximo a Redenção, no sudeste paraense. Para ele, os garimpeiros são parceiros e fonte de sustento.

O indígena é liderança na aldeia Gorotire, que fica no município de Cumaru do Norte, em território da etnia Kayapó. O instituto alega abranger 19 aldeias, que somam cerca de 7 mil habitantes. Beto, no entanto, é uma voz dissonante entre outras lideranças, que são contra garimpos nas terras indígenas. A legitimidade dele como liderança é frequentemente questionada.

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Para Beto, as legislações existentes e políticas do Governo Federal, atualmente, não ajudam em nada os índios. Ele afirma que onde há atividade garimpeira em terras indígenas, é com autorização das lideranças das aldeias. O dinheiro que garimpeiros investem é que estaria garantindo o sustento desses povos.

“Quero dizer para o governo: até quando vai bater de frente com os indígenas? Porque nós temos parceria com os garimpeiros. Eles não está lá invadindo. Estão lá com nossa autorização para trabalhar e dar o dinheiro para mantermos nosso sustento, lá dentro da nossa aldeia”, diz o representante do IKKA.

Sem apresentar provas, afirma que ” As ONGs estão queimando as áreas até na minha aldeia e dizem que estão precisando de recurso? Para quê? Isso tá tudo errado! A gente depende do minério. Governo não está ajudando a gente não”.

Ainda no vídeo, com uma espécie de entrevista conduzida por Leda Fátima Frizon — que é uma das líderes do protesto dos garimpeiros —, Beto faz um apelo o presidente Jair Bolsonaro (sem partido): “Senhor presidente, quero que o senhor veja, o mais rápido possível, da melhor forma, que dê certo pra vocês, governadores e pra nós indígenas e garimpeiros, que possam trabalhar legalmente junto com a população indígena na terra indígena”.

Outra liderança questiona posicionamento de parentes a favor de garimpos

Há três instituições indígenas que representam a etnia Kayapó e que são contrárias às opiniões de Beto. A Associação Floresta Protegida, o Instituto Kabu e o Instituto Raoni. Ao todo, essas organizações representam cerca de 60 aldeias e uma população estimada de 5,6 mil pessoas.

Somente a Associação Floresta Protegida representa 30 aldeias, com 2,8 mil pessoas. O-é Paiakan Kayapó é uma jovem liderança e que trabalha nessa organização. Ela destaca que os garimpos afetam a saúde, o bem-estar, a cultura e modo de vida dos povos indígenas. Pelas florestas, vida animal e rios. As águas são uma das áreas mais afetadas, devido à contaminação de mercúrio.

“A gente fica triste, mas a gente respeita. Eles estão lutando dentro da visão de futuro deles. Mas nós acreditamos na preservação do meio ambiente para as próximas gerações. O rio fornece alimento até para quem não é indígena. É para todo o povo. Preservamos para que permaneça e fortaleça nossa cultura”, diz O-é.


“Por que nós, indígenas Kayapó ,que preservamos a natureza, respeitamos o outro grupo que é a favor da legalização de garimpo? Entendemos que esse governo [Bolsonaro] vem os dividindo e colocando uns contra outros. Por isso, procuramos respeitar. Afinal somos parentes”, concluiu a jovem líder Kayapó.

(Victor Furtado, da Redação Fato Regional)