Jair Bolsonaro (PL) deve comparecer à Polícia Federal nesta quinta-feira (22). Ele foi intimado a prestar depoimento no contexto da operação “Tempus Veritatis”, que investiga o planejamento e tentativa de golpe de estado e abolição do estado democrático de direito. O ex-presidente é um dos investigados. Na operação, assessores civis e militares do governo dele foram alvos de busca e apreensão e prisão.
O depoimento ocorre 3 dias antes do ato que o ex-presidente convocou na avenida Paulista, em São Paulo (SP), na tarde do dia 25 de fevereiro. Ele afirma que quer se defender das suspeitas —até agora Bolsonaro não é formalmente acusado ou indiciado de nada — levantadas contra ele de participação de um plano para dar um golpe de estado, que tinha como objetivo impedir que Lula assumisse caso fosse eleito no pleito de 2022.
Bolsonaro tentou três vezes pedir ao Supremo Tribunal Federal uma permissão para não comparecer ou adiar o depoimento, mas foi recusado. Ele chegou a alegar que não teria tido acesso aos autos do processo e isso foi desmentido pelo judiciário. O depoimento será simultâneo com mais 13 pessoas investigadas — para evitar que combinem versões — e possivelmente ele e os demais depoentes podem ficar em silêncio. Não se sabe, no entanto, se ele realmente vai comparecer.
O que está sendo investigado na operação Tempus Veritatis da PF e o que Bolsonaro tem a ver?
Pelas investigações, como o golpe não chegou a ser diretamente executado como vinha sendo planejado — com decretação de estado de sítio e um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) ainda em 2022 — ocorreu o atentado antidemocrático contra as sedes dos Três Poderes em Brasília (DF), no dia 8 de janeiro de 2023. Tudo derivou da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de Ordem de Bolsonaro.
Ao todo, a operação “Tempus Veritatis” da PF cumpriu 33 mandados de busca e apreensão, quatro de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas, que incluem proibição de manter contato com os demais investigados, proibição de se ausentar do país, com entrega dos passaportes, e suspensão do exercício de funções públicas.
Além de Valdemar da Costa Neto (presidente do PL, partido de Bolsonaro) — único com liberdade provisória —, foram presos: Filipe Martins, ex-assessor para Assuntos Internacionais da Presidência; o coronel Marcelo Câmara, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro na Presidência e atual segurança do ex-presidente contratado pelo PL; Bernardo Romão Corrêa, coronel do Exército; e Rafael Martins, major das Forças Especiais do Exército.
Durante as buscas, foram encontrados documentos que mostram etapas de como seria aplicado o golpe de estado e tinham até um pré-discurso pronto para Bolsonaro anunciar o estado de sítio e o decreto de GLO. Há um vídeo de uma reunião ministerial e com assessores para supostamente alinhar a estratégia da abolição do estado democrático de direito.
(Victor Furtado, da Redação do Fato Regional)
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