domingo, 8 de dezembro de 2024

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Braço direito de Wassef atuou na defesa de Queiroz

Edevaldo de Oliveira deveria conseguir os laudos que comprovam as passagens de Queiroz pela Santa Casa de Bragança Paulista, onde Queiroz realizou duas cirurgias meses atrás

Horas depois de Fabrício Queiroz ser preso, quinta-feira passada, 19, na casa do ex-advogado da família Bolsonaro Frederick Wassef, em Atibaia, a defesa do ex-assessor parlamentar nomeou outro advogado, Edevaldo de Oliveira, como “correspondente” na cidade.

Ex-policial rodoviário, Oliveira é visto como uma espécie de braço direito de Wassef em Atibaia. Ele recebeu procuração para atuar especificamente na Santa Casa de Bragança Paulista, onde Queiroz realizou duas cirurgias alguns meses atrás. Ele deveria conseguir os laudos que comprovam as passagens de Queiroz pelo hospital.

Os laudos são fundamentais para corroborar a narrativa apresentada por Wassef nos últimos dias, segundo a qual permitiu a presença de Queiroz em sua casa em Atibaia “por razões humanitárias”, já que o ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) estava sem dinheiro, doente e precisava de um lugar para ficar durante o tratamento. A Santa Casa se recusou a fornecer os documentos e informou que só o faria mediante decisão judicial.

De acordo com pessoas próximas a Wassef, Oliveira é uma espécie de braço direito do advogado em Atibaia. Formalmente, Oliveira só aparece no processo que investiga o senador Flávio Bolsonaro por prática de “rachadinha” como o advogado que acompanhou o depoimento ao Ministério Público de Agostinho Moraes da Silva, ex-policial lotado no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Oliveira, no entanto, é um colaborador próximo de Wassef. O criminalista é especializado em encontrar falhas formais que possam levar a nulidades em processos, independentemente do mérito das acusações.

Essa foi a estratégia adotada por Wassef na defesa de Flávio. O advogado tentou por cinco vezes trancar as investigações contra o senador com base em questões formais como, por exemplo, a amplitude dos dados enviados à Justiça do Rio pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

Segundo pessoas que tiveram acesso à defesa de Flávio Bolsonaro, Wassef às vezes envia peças processuais feitas por outros advogados a Oliveira para que o criminalista avalie e, se for o caso, corrija ou altere os documentos.

Oliveira diz que é amigo de Wassef, mas nega parcerias em processos. Diz ainda que não encontrou Fabrício Queiroz durante os períodos em que o ex-assessor legislativo esteve em Atibaia. Pessoas próximas, no entanto, afirmam que os dois mantinham contato por telefone e WhatsApp há alguns meses.

Oliveira não foi o único advogado usado na proteção a Queiroz em Atibaia. Ao longo de pelo menos seis meses o ex-assessor parlamentar teve a companhia de uma advogada identificada como Ana Flávia na casa de Wassef. Oficialmente não consta o nome de nenhuma Ana Flávia entre os defensores de Fabrício Queiroz. Era Ana Flávia quem levava Queiroz de carro para consultas médicas em São Paulo, compromissos ou passeios em Atibaia.

No mais de um ano em que viveu na cidade do interior, Queiroz passou longe de ter uma vida reclusa. Ele saía frequentemente para caminhar, ia a bares e restaurantes e nunca escondeu a identidade. No período ele viajou diversas vezes para o Rio e recebeu a família na casa de Wassef pelo menos duas vezes. Mesmo assim, dava sinais de depressão, abatimento físico e tomava remédios antidepressivos e ansiolíticos.


Em conversas com outros advogados de Atibaia, Oliveira dizia já esperar que seu nome surgisse nas investigações. O motivo seriam mensagens e telefonemas entre ele e Queiroz. Nestas mesmas conversas, ele diz também que está tranquilo e avalia que a perícia nos celulares vai comprovar que ele não esteve fisicamente com Queiroz mas espera ser convocado para depor na condição de testemunha.

Os advogados Paulo Emílio Catta Preta, que lidera a defesa de Queiroz, e Frederick Wassef, que até a semana passada defendia Flávio Bolsonaro, forma procurados mas não responderam aos contatos.

Fonte: Agência Estado