Os caciques da etnia Parakanã de São Félix do Xingu, Kare Parakanã e Avaeté Parakanã, participaram da audiência da CPI das ONGs no município, nesta quarta-feira (29). Como representantes de aldeias, dizem que têm sido usados por organizações não governamentais. Eles também criticam que estão vivendo em condições subumanas e que os conflitos de interesses gerados pela desintrusão da Apyterewa não estão ajudando em nada a melhorar a vida dos povos originários.
“A Funai e essas ONGs ficam usando o nome do nosso povo indígena. Eu estou aqui para falar que nosso sofrimento não é fácil”, disse Karê Parakanã, enrolado numa bandeira do Brasil e mostrando uma garrafa com água suja. “Essa é a água que a gente bebe. A Funai diz que indígenas estão passando bem. Não estamos. Eles é que estão! O dinheiro que pedem em nosso nome não chega na gente. Precisamos de estrutura, de água potável, de saúde e não temos nada contra as pessoas que estão na Apyterewa. Podem ficar. Todos precisamos da terra”, declarou.
Avaeté Parakanã pediu desculpas pelo sofrimento que as famílias expulsas da Apyterewa estão passando. “Ano passado, com autorização do ministro Gilmar Mendes, do STF, tivemos reuniões de conciliação sobre a terra Apyterewa. Mas isso não avançou. Devido a várias pessoas trabalhando por trás disso, agora estamos aqui, nesse momento, de CPI das ONGs. Queremos liberdade para trabalhar na nossa terra”, diz o cacique.
Para os dois indígenas, a demarcação da área como Terra Indígena não traz nenhum avanço específico, como abertura de estradas e estruturas de serviços públicos. “A Funai movimenta milhões em nome dos povos indígenas e nada desse dinheiro e benefícios chegam até nós”, concluiu Avaeté Parakanã, representante de uma das aldeias da etnia que, por determinação do ministro presidente do STF, Luís Roberto Barroso, deve ser a única proprietária da Apyterewa.
(Da Redação do Fato Regional. Reprodução proibida)
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