sábado, 18 de janeiro de 2025

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Cooperativa com 600 famílias Kayapó em Tucumã produz 300 toneladas de castanha-do-pará ao ano; Inglaterra é um dos principais consumidores

As exportações da cooperativa indígena tiveram assessoramento da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) para reforçar as vendas para a Inglaterra, mercado que já vinha sendo explorado pela COOBÂ'Y nos últimos anos. O povo Kayapó é protagonista do trabalho que reforça a importância da bioeconomia e práticas agroecológicas.
Além da produção de castanhas, a COOBÂ'Y, cooperativa de indígenas Kayapó do Sul do Pará, trabalha com castanhas que geraram a grande exportação de 6 toneladas somente em 2023, dentro de uma produção de até 300 toneladas ao ano (Foto: Associação Floresta Protegida)

A Cooperativa Kayapó de Produtos da Floresta (COOBÂ’Y), em Tucumã, no Sul do Pará, é um case de sucesso da bioeconomia e práticas agroecológicas. Composta por 600 famílias da etnia — mais de 3 mil indígenas, em números absolutos —, a entidade tem forte trabalho de produção de castanha-do-pará (ou do Brasil). São 300 toneladas por ano, sendo 33 toneladas de produto beneficiado (sem casca), além de cumaru e artesanato tradicional.

Os números da produção anual podem variar, de acordo com a safra e outras condições naturais. A receita gira em torno de R$ 200 mil a R$ 1 milhão, com rendimentos que também variam pelo preço da castanha-do-pará no mercado e demanda. Um dos principais consumidores é a Inglaterra, que vem sendo um dos focos das exportações pelo menos nos últimos 2 anos. O balanço de 2023 aponta 6 toneladas exportadas.

A coleta das castanhas é realizada de forma tradicional e artesanal, numa cultura agroflorestal— um dos pilares mais palpáveis da bioeconomia — gera renda para as famílias Kayapó que fazem parte da cooperativa. E assim, vem preservando castanhais nativos presentes em mais de 9 milhões de hectares de floresta tropical, distribuídos em três territórios indígenas na região Sul do Pará. As castanhas possuem embalagem própria e selo “Origens Brasil”.

Um dos próximos passos é abrir um novo canal de mercado na França. A COOBÂ’Y tem recebido assessoramento da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), que potencializou a participação da cooperativa Kayapó na Mesa Executiva de Exportação da Castanha do Brasil (termo oficial usado pelo Ministério da Agricultura).

“A Mesa Executiva de Exportação de Castanha do Brasil tem o objetivo de ampliar as exportações desse setor na região amazônica por meio do diálogo entre a ApexBrasil, empresas, governo e entidades que apoiam o setor privado. Por meio de apontamentos e discussões, os empresários identificam os desafios para exportar e fazem articulações com as entidades competentes para alcançar soluções”, diz nota da agência.

Em junho deste ano, a COOBÂ’Y participou da 12ª edição do LAC Flavors, um fórum de negócios de alimentos e bebidas realizado em parceria com a ApexBrasil. O evento proporcionou o encontro com compradores internacionais, workshops e seminários sobre sustentabilidade, tecnologia alimentar, certificações e técnicas de negociação.

Além das castanhas, a cooperativa trabalha com cumaru e artesanato indígena tradicional, preservando a cultura, tradições e modo de vida dos indígenas numa produção agroecológica, fortalecendo a bioeconomia paraense (Foto: Divulgação / COOBÂ’Y)

Outras cadeias produtivas da cooperativa Kayapó

O assessor técnico da COOBÂ’Y, Adriano Jerozolimski, conta que a cooperativa foi criada em 2011, com objetivo de fortalecer as cadeias produtivas voltadas para geração de renda e subsistência. “A COOBÂ’Y trabalha tanto com a organização da produção na base, com as comunidades, mas também apoia a organização do escoamento da produção e a sua comercialização. A gente vem atuando em várias frentes, entre elas desenvolvimento de marca, relação com o mercado, busca de parceiros que valorizem outros atributos, que não só a renda, e outros benefícios associados à proteção da floresta”, diz.

“O cumaru também é uma espécie madeireira, mas a gente só trabalha com a parte não madeireira, que tem uma cadeia muito mais sustentável. E o cumaru é um recurso que é mais restrito a poucas comunidades; é um recurso abundante no território de poucas aldeias”, explica Adriano Jerozolimski. Para a cooperativa, a participação em ambientes e canais de negócios formais tem ajudado a evoluir a metodologia de produção das castanhas e orientar as demais cadeias.

Já o artesanato, por não ser sazonal, permite que as comunidades tenham renda ao longo de todo o ano. “A cooperativa tem conseguido proporcionar uma renda para as comunidades de cerca de R$ 150 mil. Talvez esse ano a gente tenha uma renda maior, mais próxima de R$ 200 mil, com um conjunto de produtos que vão desde produtos tradicionais, com materiais da floresta, até produtos que já passaram a ser tradicionais, mas que são feitos com matérias-primas de fora, com muita miçanga”, detalha.

“Acho que formou uma rede de atores, que atuam na cadeia da castanha, bastante qualificados e que acabaram sendo uma importante referência e fonte de informação para esclarecimentos. Então, as informações que têm circulado nesse grupo têm sido um importante subsídio para o fortalecimento do entendimento sobre os processos de exportação por parte da cooperativa, que é uma cooperativa indígena, pequena, com uma equipe técnica bastante limitada”, completa Adriano.

(Victor Furtado, da Redação do Fato Regional, com informações da ApexBrasil)


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