O deputado estadual Torrinho Torres (Podemos) alerta que o clima de tensão e desespero na Apyterewa, em São Félix do Xingu, no sul do Pará, pode escalar para um conflito trágico. A operação de desintrusão chega nesta quarta-feira (4) ao terceiro dia. Todas as quase 2 mil famílias não indígenas precisam deixar a terra o mais rápido possível, por decisão judicial. O procedimento, diz o parlamentar, é “desumano” e tem reduzido pessoas e animais à condição de “lixo”.
Em discurso na Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa), nesta terça-feira, Torrinho convidou os deputados estaduais Bordalo (PT) e Lívia (PSOL) para irem à área da Apyterewa e acompanharem o processo de desintrusão. Os parlamentares fazem parte da Comissão de Direitos Humanos da casa. Na fala foram relatados procedimentos adotados na região, como o fechamento de escolas, corte de energia e impedimento de advogados de entrarem para falar com clientes.
“Humanos e animais estão sendo tratados como lixo na minha terra, São Félix do Xingu. Pessoas que ajudam a alimentar parte do Brasil e do mundo. Já havia falado dos riscos dessa operação. Quem não tem para onde ir e corre risco de perder o que tem, não tem mais nada a perder. Uma operação de guerra foi montada para tirar as pessoas da terra e uma resposta maior pode ser dada e termos algo tão grave ou maior do que o massacre de Eldorado do Carajás”, declarou Torrinho.
Para Torrinho, a preservação do meio ambiente e do direito à terra dos povos indígenas é necessário. No entanto, ele pede razoabilidade à Justiça e ao Governo Federal, na busca por uma solução sem conflitos e que dê alternativas para todos. Neste momento, ele chama atenção para as famílias que não têm para onde ir e nem recursos para recomeçar. “Vidas não podem ser sacrificadas no altar da indiferença. Ali há pessoas de boa-fé e trabalhadoras que estão pagando por quem está desmatando e precisa sim receber o rigor da lei”, prosseguiu.
O deputado concluiu lembrando que ele, o prefeito João Cleber (MDB, de São Félix do Xingu), a bancada federal do Pará e o governador Helder Barbalho (MDB) seguem buscando soluções junto ao poder judiciário e ao Governo Federal para as famílias de produtores da Apyterewa. Torrinho reforçou que algumas pessoas estão lá há mais de 40 anos e gerações se passaram antes da presença de indígenas do povo Parakanã.
(Da Redação do Fato Regional)
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