sábado, 7 de setembro de 2024

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Deputado Torrinho propõe que produtores criem frigoríficos próprios e cooperativas para vencer crise financeira na pecuária

Em discurso na Alepa nesta terça-feira (12/09), o deputado estadual também defendeu a necessidade de criar diálogo e soluções entre o Governo Federal e o Governo Estadual para preservar os direitos de povos originários e dos produtores rurais
O deputado Torrinho defende que pecuaristas criem seus próprios frigoríficos e possam escapar das regras ditadas pelas empresas JBS e Minerva Foods, que formam o que o deputado chama de Cartel (Foto: Ozéas Santos / Alepa / Arquivo)

Em meio à crise financeira que afeta produtores rurais do Pará, o deputado Torrinho Torres (Podemos) propôs uma possível saída: que os pecuaristas se unam, em forma de cooperativa ou outro modelo, para criarem os próprios frigoríficos. Essa seria uma forma de escapar dos preços ditados por um suposto cartel mencionado pelo parlamentar, formado pelas empresas JBS e Minerva Foods. O discurso foi feito na Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa) nesta terça-feira (12).

Torrinho explica que atualmente a JBS e a Minerva Foods — que recentemente comprou as plantas da Marfrig — criaram uma espécie de cartel que dominou o mercado. E são essas empresas que ditam o preço da arroba do boi. Num período de 12 meses, a desvalorização do gado chegou a 50% e a arroba saindo de um pico de R$ 320 e chegando a R$ 170 ou até menos em algumas regiões.

Pelos levantamentos conduzidos pelo parlamentar, o suposto cartel está se aproveitando dos preços do ciclo pecuário no qual há uma redução de preços. No entanto, os contratos firmados de exportações das grandes empresas, feitos em dólar, ainda têm como base nos preços das arrobas mais valorizadas. Enquanto isso, o valor pago pelas empresas é o estipulado pelo dito cartel. “Estão se aproveitando dos produtores rurais e abusando desse ciclo pecuário”, observa Torrinho.

Nesta terça, o deputado começou a mobilizar uma comissão de deputados estaduais junto à bancada federal do Pará para buscar soluções junto ao Governo Federal, via Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Um dos caminhos é securitização das dívidas que assolam os pecuaristas paraenses, para que possam seguir trabalhando e sem verem seus patrimônios derretendo para arcar com débitos de uma conta que não fecha mais e sem perder o acesso ao crédito.

“Já estamos mobilizando uma solução junto ao deputado federal José Priante (MDB) e a nossa bancada federal. Os produtores rurais podem do Pará podem ter certeza de que a Alepa e o nosso governador Helder Barbalho (MDB), que é produtor rural, estarão do lado de vocês. Já reuni com a Federação a Agricultura e Pecuária e estamos em busca de soluções de forma inteligente”, assegurou Torrinho.

Deputado cita “Terras Indígenas sem indígenas” e “bomba relógio” após ações da Funai para demarcação e reconhecimento

Ainda fazendo uso da palavra na Alepa, o deputado Torrinho citou uma crise iminente no estado, sobretudo na região sul e sudeste: o reconhecimento e demarcação de Terras Indígenas que, segundo o parlamentar, não são ocupadas por nenhum indígena. Ele considera que a ação da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) está equivocada e pode fazer processos de titulação de terras a produtores rurais “voltarem à estaca zero”.

“Cito aqui a Seringa A, em Água Azul do Norte; Gleba Kiri e Gleba Kaparanã, entre São Félix do Xingu e Tucumã; Gleba Xicrim; e duas bombas-relógio: Ituna/Itatá — de onde pecuaristas não podem nem mais tirar seu gado de forma voluntária — e Apyterewa, onde basta um estudo antropológico para comprovar que não é uma área ocupada por indígenas. A Funai está equivocada e colocando em risco a titulação de terras consolidadas há 40, 50 anos ou mais com propriedades rurais, onde há famílias na segunda ou terceira geração”, disse Torrinho.

A Terra Indígena Apytrewa é uma área palco de conflitos relacionados ao direito sobre a terra ser de indígenas ou de propriedades rurais (Foto: Wesley Costa / Fato Regional / Arquivo)

 

O deputado, no entanto, pontuou que diferente do que possa parecer a crítica dele, não se trata de uma afronta aos direitos dos povos originários. E ele afirma que os direitos dos povos indígenas às suas terras deve sim ser respeitado, mas de forma responsável e técnica.

“É tempo de baixar bandeiras políticas e unir forças. Não é inteligente brigar com o Governo Federal. Precisamos ser mediadores e promover a conciliação, fazendo um movimento nacional, a partir do Pará, em defesa dos produtores rurais e para pacificar essas questões e evitando confronto. Não podemos permitir que pecuaristas percam seus sonhos e razões. Confio no discernimento de meus colegas e do nosso governador Helder Barbalho em encontrar um caminho para respeito a todos: indígenas e produtores”, concluiu o deputado.

A Redação do Fato Regional entrou em contato com a Funai, com a Secretaria de Estado dos Povos Indígenas (Sepi) e com a JBS e aguarda retorno.

A Minerva Foods, por nota ao Fato Regional, reforçou que “…atua de acordo com as práticas concorrenciais e legislações vigentes em todos os mercados onde opera. Cabe ainda lembrar que o cálculo do preço de todas as commodities é sempre formado pelo equilíbrio entre a oferta e a demanda, e a formação dos valores no mercado do boi gordo segue a mesma lógica. Atualmente, o Brasil passa por um momento de inversão do ciclo pecuário, que consiste na maior disponibilidade de animais prontos para abate, o que impacta na variação de preços”.

(Da Redação do Fato Regional)


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