quinta-feira, 21 de novembro de 2024

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Em Ourilândia do Norte, Kôkônhyjtí Kayapó toma posse como a primeira cacica da aldeia Kranhkrô

De uma linhagem de lideranças, Kôkônhyjtí Kayapó é filha de Bebaití Kayapó e neta de Tuto Pombo Kayapó — que dá nome à praça de eventos de Tucumã. A cacica reforça uma mudança de cultura num dos povos indígenas mais antigos do Pará, que abre cada vez mais espaço para mulheres serem as lideranças das aldeias.
A aldeia Kranhkrô, do povo Kayapó de Ourilândia do Norte, no Sul do Pará, tem uma mulher na posição de cacique pela primeira vez: Kôkônhyjtí Kayapó (Foto: Alerhandro Rafalski / Associação Pore Kayapó)

A aldeia Kranhkrô, do povo Kayapó de Ourilândia do Norte, no Sul do Pará, tem uma mulher na posição de cacique pela primeira vez. A posse da cacica Kôkônhyjtí Kayapó ocorreu numa cerimônia durante o final de semana, com a presença de lideranças do Pará e do Mato Grosso, além de servidores da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). Aos 37 anos, a nova líder da aldeia espera formar laços e parcerias em busca de qualidade de vida para a aldeia.

“Hoje estou ocupando um espaço como cacica dentro da aldeia para poder atender e resolver as nossas demandas. Estou pronta pra argumentar, defender e estar lado a lado do meu povo. Vamos juntos lutar e buscar a melhoria de qualidade de vida para o nosso povo”, disse Kôkônhyjtí, que é filha do cacique Bebaití Kayapó e neta do cacique Tuto Pombo Kayapó, que dá nome à praça de eventos de Tucumã. A aldeia fica na vicinal Águas Claras, em Ourilândia.

“Os Kayapó, uma das mais proeminentes etnias indígenas do Brasil, estão testemunhando um momento histórico e revolucionário em sua longa jornada na Aldeia Kranhkrô. Em meio às tradições profundamente enraizadas e aos costumes ancestrais, uma mudança importantíssima está acontecendo: a posse de uma mulher como cacica. Para uma cultura onde a liderança sempre foi predominantemente masculina, a ascensão de uma mulher ao posto de cacica representa não apenas um desvio das normas estabelecidas, mas também um marco significativo na luta pela igualdade de gênero e pelo reconhecimento do papel das mulheres na sociedade Kayapó”, diz nota da Associação Pore Kayapó.

Kôkônhyjtí Kayapó entra para a história ao ser a cacica de mais uma aldeia da etnia que dá um passo na inclusão de mulheres em posições de liderança (Foto: Alerhandro Rafalski / Associação Pore Kayapó)

Kôkônhyjtí nasceu em 30 de agosto de 1987 na aldeia Kikretum. Atualmente, mora na aldeia Kranhkrô. Ainda no comunicação da associação indígena, “Esta nova cacica, cujo nome ressoa entre as árvores da floresta como um eco de mudança, não apenas carrega consigo a responsabilidade ancestral de liderar seu povo, mas também simboliza a resiliência e a determinação das mulheres Kayapó. Sua posse desafia estereótipos arraigados e inspira não apenas sua própria comunidade, mas também observadores de todo o mundo. (…) Sua ascensão não é apenas uma vitória para os Kayapó da aldeia Kranhkrô; é um lembrete para todos nós sobre a importância da diversidade de liderança e da inclusão de mulheres em todas as esferas da sociedade”.

Há, em outras aldeias Kayapó, mulheres que na história assumiram posições de cacique ou se tornaram lideranças. Com a posse da cacica Kôkônhyjtí, a aldeia Kranhkrô entra para o rol das aldeias que abraçaram a oportunidade de dar a uma mulher a oportunidade de liderar a comunidade.

(Victor Furtado, da Redação do Fato Regional)


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