quarta-feira, 24 de abril de 2024

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Pará já testou monitoramento privado de desmate proposto por ministério

Sistema é o mesmo que já começa a rodar no Mato Grosso.

O sistema privado de monitoramento que o governo pretende usar para fiscalizar desmate na Amazônia já é usado como um “teste gratuito” dentro do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O sistema, conforme apurou o Estado, é o mesmo que começa a rodar no Estado do Mato Grosso e já foi testado no Pará.

O Planet, um sistema de mapeamento em alta resolução que pertence a uma companhia dos Estados Unidos, é fornecido localmente pela empresa brasileira Santiago & Cintra, do interior de São Paulo. Essa empresa, que é responsável por processar as imagens e interpretá-las, já realizou diversas reuniões com representantes do Ibama e do Ministério do Meio Ambiente neste ano.

O monitoramento do desmate motivou uma crise no governo após o presidente Jair Bolsonaro e integrantes de sua equipe questionarem os dados medidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Em maio, reportagem do jornal O Estado de S. Paulo. mostrou que a Amazônia perdia 19 km² de floresta por hora. A partir daí, a divulgação sucessiva dos dados levou Bolsonaro a dizer que o Inpe divulgava dados mentirosos. A crise resultou na exoneração do presidente do instituto, Ricardo Galvão, que rejeitou qualquer tipo de manipulação. A demissão do chefe do órgão federal também foi alvo de críticas de cientistas.

Desde o início do ano, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, tem dito que pretende usar um sistema privado. Em julho, ele usou imagens da tecnologia privada para contrapor captações feitas pelo Deter – sistema de alertas de desmate do Inpe – e exibir o que seriam imprecisões nas medições.

Questionado sobre o uso da tecnologia privada, o Ibama não comentou. Salles também foi questionado sobre os termos do acordo que permitiu fazer o uso prévio da tecnologia privada, mas não deu detalhes.

Este mês, o Ibama nomeou, em portaria, uma “equipe de planejamento de contratação” para escolher o sistema que será comprado, estimado em cerca de R$ 7 milhões. A ideia seria fazer licitação pública para escolher o produto. Mas especialistas em captação e processamento de imagens ouvidos pela reportagem afirmaram que, da forma como foi descrito o sistema, o único fornecedor brasileiro capacitado é a Santiago & Cintra.

A reportagem procurou a empresa para comentar, mas não obteve resposta. O responsável pelo “planejamento da contratação” do Ibama, Olivaldi Borges Azevedo, disse não ter tempo para tratar do assunto.

Planet

O Planet já foi usado como teste pelo Pará. Em 2016, segundo o governador do Estado, Helder Barbalho (MDB), o uso da tecnologia foi feito por doação da própria empresa. Depois, em 2017, um acordo anual foi firmado, com apoio do Fundo Amazônia. “Chegamos (ao governo) e tomamos a decisão de não comprar”, disse Barbalho à reportagem. “Os sistemas que temos hoje já nos são suficientes para monitorar o desmatamento.”

Recado


Na quarta (14), o presidente Jair Bolsonaro disse que a chanceler alemã, Angela Merkel, deveria “pegar a grana” bloqueada para preservação ambiental no Brasil e reflorestar a Alemanha. Berlim congelou R$ 155 milhões a projetos na área por dúvidas sobre a política ambiental do Brasil. “Lá está precisando muito mais que aqui”, disse Bolsonaro.

 

 

Fonte: Agência Estado