A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira (10) a operação “É pra valer”, para cumprimento de dois mandados de busca e apreensão, em Marabá. O alvo é um gestor da Associação Indígena Baiprã de Defesa do Povo Xikrin Odja, que representa a etnia que vive numa aldeia de Água Azul do Norte, a 300 km da sede da entidade. Estima-se que R$ 4 milhões foram desviados, enquanto o povo indígena enfrenta uma série de necessidades.
“Os mandados foram na casa do investigado e na associação da qual ele faz parte como diretor. Foram arrecadados documentos contábeis da instituição, um celular e um HD externo, que serão analisados pela Polícia Federal. Aproveitando a condição de diretor da entidade, o investigado teria transferido para sua própria conta e de terceiros quase R$ 4 milhões, nos últimos anos. O valor recebido pela Associação é de indenização paga pela Vale ao povo Xikrin Odja, referente a impactos ambientais causados por extração no rio Catete”, diz nota da PF sobre a operação.
Ainda nas investigações da PF, o suposto desvio financeiro tem levado ao “padecimento de necessidades básicas por parte de alguns indígenas, visto que os recursos que deveriam receber foram em parte desviados ou mal administrados. A decisão judicial, dentre outras medidas cautelares, decretou o afastamento do investigado do cargo junto à associação. O alvo responderá pelo crime de apropriação indébita qualificada”, conclui a PF.
O nome da operação, “É Pra Valer”, é devido ao fato de que o investigado já havia sido denunciado e processado por fatos semelhantes em 2015, porém absolvido por falta de provas. As investigações seguem.
A Terra Indígena Xikrin do Catete é uma área homologada com 439 mil hectares de extensão, sendo 60,61% do território em Parauapebas, 35,91% em Água Azul do Norte e 3,3% em Marabá. Ao longo das aldeias, vivem mais de 1,7 mil indígenas.
O Fato Regional respeita o princípio da presunção de inocência e sempre abre espaço para a defesa dos mencionados em casos policiais — se os advogados ou envolvidos acharem conveniente quaisquer manifestações —, garantindo amplo direito ao contraditório.
(Victor Furtado, da Redação do Fato Regional)
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