A banda paraense THC Hardcore foi surpreendida com uma abordagem de policiais militares após tocarem em um trio elétrico durante o carnaval no distrito de Icoaraci, em Belém. Em posicionamento oficial do grupo musical, eles acreditam que os agentes se sentiram desacatados por uma música que é crítica à violência policial. O guitarrista da banda e o baterista de outro grupo teriam sido agredidos e foram apresentados à Polícia Civil.
Os músicos foram convidados para participar do evento e a apresentação estava acabando. Já era madrugada de terça-feira (13) quando após tocarem a música “Skateboard” — cuja letra curta carrega o contexto de preconceito e repressão que skatistas sofrem em Belém por parte de agentes de segurança pública e critica a existência também de milícias —, os músicos da THC Hardcore viram o trio elétrico ser parado e os policiais iniciando a abordagem.
No relato do vocalista da banda THC Hardcore, Elói, os policiais eram enfáticos em procurar por ele, que assustado fugiu e relata que o guitarrista Wesley teria sido agredido fisicamente. Para ele, os policiais fizeram a abordagem com o intuito de intimidar e agredir por terem se sentido ofendidos com a música que teve clipe lançado em 2023. Em vídeo, o guitarrista lamentou o fato e criticou a atitude dos policiais, que também detiveram o baterista da banda Rancor, que estava com eles.
Veja o clipe da música que fez com que os policiais se sentissem ofendidos:
Não é a primeira vez que a banda, criada em 2016, recebe intimidações ou censuras por parte de policiais ou mesmo de órgãos públicos. Em 2019, o então ministro da segurança pública de Bolsonaro, o atual senador Sérgio Moro (União Brasil – PR), censurou o evento “III Facada Fest”. Os músicos reforçam que foram para o carnaval de Icoaraci a convite da Prefeitura de Belém e apesar de ser uma festividade fora do escopo do rock e principalmente do Hardcore — gênero pelo qual João Gordo e a banda Ratos de Porão são conhecidos —, não recusaram a oportunidade.
A Redação do Fato Regional entrou em contato com a PM para pedir um posicionamento sobre o caso. E com a PC para saber se algum procedimento foi instaurado contra os músicos, apesar de eles afirmarem que foram liberados pela ausência de materialidade de crime. Esta matéria será atualizada assim que os posicionamentos forem recebidos.
Por nota, a Polícia Civil informou que “…os músicos foram encaminhados à Seccional de Icoaraci onde foi registrado um boletim de ocorrência, que não gerou procedimento, porque não houve crime de desacato. Quanto à conduta dos policiais, a investigação é de responsabilidade da Corregedoria da Polícia Militar”.
(Victor Furtado, da Redação do Fato Regional)
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