domingo, 24 de novembro de 2024

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Crise climática no RS afeta mais de 1,74 milhão de pessoas; número de desalojados dobra em 24 horas

Essa já é considerada a maior tragédia provocada pelas mudanças climáticas na história do Brasil e fenômenos como esse podem ser repetir nos próximos anos e demanda ações urgentes em todos os estados. Possivelmente, será um dos principais temas da COP 30, que será no Pará, em 2025. Mais de 80% das cidades gaúchas e 1 milhão de pessoas foram afetados.
O passivo de destruição afeta mais de 430 cidades gaúchas e 1,74 milhão de pessoas atingidas na das maior catástrofe climática da história do Brasil (Foto: Ricardo Stuckert / PR)

No último boletim da Defesa Civil, as chuvas extremas e alagamentos críticos no Rio Grande do Sul já deixaram um rastro de 107 mortes. Outros óbitos estão em investigação para confirmar se há relação com os eventos meteorológicos provocados pelas mudanças climáticas que provocaram uma das maiores tragédias ambientais da história do Brasil. Há pelo menos 134 desaparecidos e mais de 700 feridos.

Os dados da Defesa Civil apontam ainda  que o número de pessoas desalojadas mais que dobrou em 24 horas, passando de cerca de 163 mil para 327.105. Há 68.519 pessoas temporariamente em abrigos. Os estragos já impactaram 431 município do Rio Grande do Sul e afetaram diretamente mais de 1,74 milhão de pessoas, que estão ou sem água, ou sem luz ou sem comida. Ou na três condições combinadas.

Os esforços combinados do Governo Federal, com apoio de praticamente toda a estrutura ministerial, Forças Armadas e governos estadual e municipais seguem, com apoio da sociedade civil e ONGs. A administração pública pede que a população dobre os cuidados com fake news para evitar que a ajuda de todo o país e até de outros países não seja prejudicada ou desestimulada.

Todos esses números podem ser ainda maiores, já que há dificuldades de comunicação com algumas pessoas em determinadas áreas e muito terreno para cobrir com acesso dificultado. Os alertas de tempestades extremas seguem no RS, enquanto a água continua a deixar um passivo de destruição que não há como estimar quanto tempo levará para ser superado.

A tenente Sabrina Ribas, da comunicação da Defesa Civil estadual, informou que a prioridade, neste momento, é concluir o resgate de pessoas que permanecem ilhadas em locais de difícil acesso e conseguir fazer com que a ajuda humanitária e os donativos cheguem aos municípios mais atingidos pelas fortes chuvas. Entre os itens mais necessários, estão água mineral, roupas e alimentos.

É importante destacar que esses eventos haviam sido comunicados pelo menos 2 semanas antes à gestão do governador Eduardo Leite (PSDB-RS), que deixou cerca de R$ 50 mil de orçamento para a Defesa Civil. O estado e vários municípios deixaram de apresentar projetos e demandas ao Governo Federal para captar mais recursos. O cenário é semelhante em alertas, mas muito pior que os eventos climáticos extremos de setembro de 2023 no RS. E nem um centavo foi investido na contenção de chuvas e desastres.

As mesmas tragédias podem se repetir em outros lugares do Brasil devido à emergência climática, que é provocada, em grande parte, por ação humana: desmatamento, poluição e intervenções na natureza. Possivelmente será um dos temas centrais da COP 30, que será em Belém, capital do Pará, em 2025. Mas até lá, a recomendação do Governo Federal é de que todos os estados discutam planos de prevenção, contenção e preservação do meio ambiente.

(Victor Furtado, da Redação do Fato Regional, com informações da Agência Brasil)


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