quinta-feira, 21 de novembro de 2024

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‘Não somos invasores’, dizem representantes de associações de moradores da Apyterewa ao questionarem laudo antropológico

Os representantes das associações pediram ajuda aos senadores da CPI das ONGs, que esteve em São Félix do Xingu nesta quarta-feira para uma audiência sobre a desintrusão da Apyterewa e influência dessas organizações nesse processo
Vários moradores da Apyterewa cobram a perícia ou revisão do laudo antropológico que baseou a demarcação da terra indígena (Foto: Wesley Costa / Fato Regional)

Na Extensão Apyterewa, em São Félix do Xingu, no sul do Pará, existem três associações que representam os moradores e produtores rurais que estão sendo expulsos pela operação de desintrusão. As entidades apontam haver cerca de 2,5 mil famílias na área e afirmam que é uma injustiça chamar essas pessoas de invasores. Durante audiência da CPI das ONGs no município, nesta quarta-feira (29), cobraram a revisão dos laudos antropológicos sobre a presença do povo Parakanã na terra.

Ozias da Silveira, da Associação Vale São José, diz que a operação de desintrusão fere a honra dos moradores da Apyterewa ao chamá-los de invasores. “Nós não somos invasores de terras! Tenham compaixão desse povo sofrido que é chamado de invasor. Eu cheguei nessa terra em 1998 e não tinha nenhum decreto de terra indígena, que só veio em 2007. E agora, nos meus 67 anos, por interesses escusos de ONGs internacionais eu sou chamado de bandido!”, criticou.

Vicente Paulo, da Associação Cedro, disse que o laudo antropológico usado pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) para demarcar a Terra Indígena Apyterewa tem falhas graves de história. Aos senadores da CPI das ONGs, ele entregou um relatório de análise do laudo original, um documento de análise histórica e um laudo independente, feito por historiadores e antropólogos reconhecidos e que mostram que o povo indígena Parakanã não é natural da área.

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“Temos um antigo parecer favorável da Funai para revisão do laudo antropológico, mas isso não aconteceu. Pedimos que façam valer a nossa voz e estamos acreditando que essa perícia vai sair. Só queremos a verdade. E que fique claro que não queremos tomar a terra dos indígenas ou expulsar eles. Só queremos a Justiça e o reconhecimento do nosso direito à terra”, afirmou Vicente. Ele participou de reuniões com caciques Parakanã para conciliação, mas os encontros não foram validados pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

 

Para o representante da Associação Vale São José, a Amazônia está sendo tomada dos brasileiros devido à presença e atuação de instituições de capital estrangeiro. Ele pediu uma solução conciliatória entre o povo Parakanã e os não indígenas. “Não temos nada contra nossos irmãos indígenas. A Apyterewa é muito grande para apenas umas pequenas aldeias que nem são tradicionais da nossa terra. Dá para todo mundo. O que não dá é que para o filho do indígena viver, o meu tenha que morrer”, comentou Ozias.

(Da Redação do Fato Regional. Reprodução proibida)


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