Restam seis dias para o fim do prazo de saída voluntária das famílias que moram na Extensão Apyterewa, em São Félix do Xingu, no sul do Pará. A área de 774 mil hectares é alvo de uma operação de desintrusão do Governo Federal, em cumprimento a decisões da Justiça Federal e do Supremo Tribunal Federal (STF). O território será destinado à vivência exclusiva do povo indígena Parakanã e à preservação ambiental. Muita gente ainda não sabe para onde ir e o que fazer.
Diante dessas incertezas, o deputado estadual Torrinho Torres (Podemos) alerta que as quase 2 mil famílias que apostaram na Apyterewa sonhos e fontes de sustento acompanham a “contagem regressiva para a tragédia humanitária”. Em discurso na Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa), nesta terça-feira (24), ele pediu que a crise social em solo paraense receba tanta atenção quanto o novo e dramático capítulo dos conflitos no Oriente Médio, agora entre Israel e o Hamas.
“31 de outubro se aproxima. Teremos uma tragédia na Amazônia, bem debaixo dos nossos narizes. É o prazo final para que famílias percam tudo o que construíram na Apyterewa. Tanto aqui quanto no conflito no Oriente Médio, há decisões de entidades poderosas com impacto sobre a vida de inocentes, gerando deslocamentos forçados, perdas e sofrimento. Aqui, o terror não vem de foguetes. Vem do medo do desconhecido, da angústia de perder tudo. São sofrimentos diferentes, óbvio, mas são sofrimentos”, disse Torrinho.
Torrinho relembra que esteve na Apyterewa com os deputados Carlos Bordalo (PT), Aveilton Souza (PL) e Ivanaldo Braz (PDT) e conversou com cerca de 1 mil pessoas numa reunião aberta com a comunidade da Vila Renascer, principal palco da operação de desintrusão. “Lastimável o que presenciamos. O olhar perdido das pessoas que foram nos ouvir em busca de esperança e de uma decisão que está além dos nossos poderes. Se a Justiça Federal já sabia da situação, por que permitiu que se arrastasse por tanto tempo?”, ponderou.
“Reconheço os direitos dos povos indpí9genas e respeito as decisões judiciais, mas preciso destacar que aquelas famílias estão em áreas consolidadas, em um vasto território, com 774 mil hectares, que são mais que o suficiente para abrigar a pouca presença indígena daquela terra. Mas essa gente não tem nem como pagar frete para tirar seu gado, suas galinhas e porcos e está vendo seu futuro ir para o abate. Estão perdendo tudo como na terra Ituna Itatá, em Altamira”, disse o deputado.
Por fim, Torrinho pediu aos líderes do Brasil clemência às famílias que estão sendo retiradas da Apyterewa e a garantia de direitos fundamentais, para que possam recomeçar as vidas.
(Da Redação do Fato Regional)
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