Mais uma vez, a Bolívia sofreu uma tentativa de golpe de estado. Na tarde desta quarta-feira (26), militares tomaram as ruas, com tropas e tanques, e invadiram o palácio presidencial. Só que não durou muito tempo e à noite a situação já havia sido controlada oficialmente. Há várias suspeitas sendo investigadas para as motivações da mobilização, que vão de manifestações de intolerância política, revolta de militares e interesses no lítio boliviano.
No início da tarde, o presidente Luis Arce e o ex-presidente Evo Morales denunciaram a chamada “mobilização irregular” e usaram o termo “tentativa de golpe”. O general e comandante do Exército Juan José Zúñiga disse que “…o país não pode seguir assim” e exigiu uma completa mudança administrativa no país. Várias entidades internacionais, presidentes — incluindo Lula (PT) — e lideranças globais monitoram o “day after”.
Às vésperas da tentativa de golpe, o general apontado como líder dos golpistas havia feito declarações públicas de que os militares não poderiam aceitar que Luis Arce e Evo Morales — que sofreu um golpe em 2019 — fossem pré-candidatos a presidente para as eleições bolivianas do ano que vem. Assim como no Brasil, militares não podem dar declarações políticas. Houve uma ameaça de destituir Zuñiga do posto. Essa seria uma possível motivação.
Saludamos y agradecemos el firme respaldo del hermano presidente del #Brasil, @LulaOficial, quien condenó el golpe de Estado fallido en Bolivia y se pronunció en favor de la democracia boliviana. https://t.co/7boQ6giRx8
— Luis Alberto Arce Catacora (Lucho Arce) (@LuchoXBolivia) June 27, 2024
A tentativa de golpe teve menos adesão do que aparentou e acabou sendo debelada no início da noite. Zuñiga foi destituído do cargo e preso. Os comandantes das três forças armadas foram trocados e ordenaram que todos os militares nas ruas retornassem às bases. As ordens foram acatadas e o presidente Arce fez um discurso para uma multidão em frente ao palácio presidencial Quemado. Autoridades internacionais seguem monitorando o caso.
A revolta política dos militares é uma das teses para a tentativa de golpe. Outra é a decisão recente da Bolívia de estatizar a produção de lítio, minério que é abundante no país — uma das maiores reservas do mundo — e que é precioso para a criação de baterias diversas, como de celulares e outros eletrônicos. A segunda tese vê uma possibilidade de tentativa de interferência direta de outro país para tornar o lítio boliviano mais acessível novamente.
(Victor Furtado, da Redação do Fato Regional)
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