No dia 15 de abril, numa ação da campanha “Abril Vermelho”, um grupo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terras (MST) do Pará ocupou a fazenda Aquidoana, em Parauapebas, sudeste do estado. A propriedade segue ocupada e na tarde desta quarta-feira (17), uma equipe do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) se reuniu com os ocupantes. Nas redes sociais, os atuais proprietários apontam abusos, prejuízos e pediram ajuda para solucionar a situação.
Em um vídeo no perfil dela no Instagram, Renilda Benevides, empresária casada com Edvaldo Benevides, se posiciona como cidadã, geradora de emprego e engajada em ações comunitárias em Parauapebas. “Nós temos uma terra na Palmares II e ela foi invadida domingo de manhã. É uma terra de 50 alqueires. Temos título definitivo dela. É uma terra que nós lutamos, trabalhamos, uma terra produtiva e inclusive eles estão nos causando danos. Obrigando-nos a dar bois pra eles. Já mataram vários”, diz.
“Eu queria fazer um apelo, pra comunidade, para a sociedade, para a justiça, para as autoridades competentes. Nos ajudem. Nós estamos nos sentindo desrespeitados, humilhados. Ajude-nos. Eu creio na justiça e na justiça divina”, diz a empresária Renilda Benevides no vídeo publicado no perfil dela no Instagram. Por enquanto, não há informações confirmadas sobre processos de reintegração de posse da fazenda Aquidoana.
A comitiva do Incra foi composta pelo superintendente regional de Marabá, Claudinei Chalito, e de Cloves Júnior; a diretora da Câmara de Conciliação Agrária do Incra Brasília, Maíra Coaraci e do diretor de Assuntos Estratégicos do instituto, Gustavo Noronha. Em nota ao Fato Regional, a coordenação do MST informou que, na reunião, a equipe “…Reforçou o compromisso do Incra SR 27 a continuar com as vistorias das 15 áreas indicadas pelo MST e pleitear a aquisição da área ocupada para fazer o acampamento temporário enquanto aguardamos a realização das vistorias”.
O que diz o MST sobre a ocupação da fazenda Aquidoana, em Parauapebas?
Sobre a ocupação, o MST disse que a propriedade foi escolhida para o ato do Abril Vermelho porque “…já estava à venda antes da ocupação e está em negociação com o Incra SR 27 para compra e construção do acampamento provisório até a vistoria das 15 áreas solicitadas pelo movimento ao Incra, incluindo a da fazenda Santa Tereza, terra essa que foi grilada pela família Miranda e responde por processos por assassinar trabalhadores rurais, envolvida em casos de trabalho escravo, garimpo ilegal e desmatamento”.
Ver essa foto no Instagram
Uma publicação compartilhada por Movimento Sem Terra – Pará (@movimentosemterra.pa)
Sobre os bois mortos, como acusou a empresária e atual proprietária da fazenda, o movimento disse: “Os donos da fazenda arrendaram o pasto para o gado da família Miranda. No dia da ocupação, os funcionários da família Miranda foram lá solicitar a retirada do gado e dos tratores. E foram eles próprios que propuseram deixar 10 cabeças de gado para a alimentação das famílias (temos um vídeo sobre). Em um trecho da conversa, um deles diz: ‘Nós vamos dar 10 bois, isso ai tá tranquilo, o Edinho dá! Se ele não der eu dou das minhas vacas lá no repartimento, pra resolver isso’. Portanto, é falsa a acusação da fazendeira que nem gado lá tinha”.
Ao final dos questionamentos do Fato Regional, o MST reconheceu a titulação da terra, mas questionou a legitimidade do processo “Eles [fazendeiros] se apropriaram de 50 hectares da gleba Itacaiúnas, área que faz parte do Assentamento Palmares II, o que já é irregular pois se configura em especulação fundiária. No entanto, eles conseguiram titular a terra. Portanto, as acusações e difamações promovidas por empresários e fazendeiros não nos surpreende nesses 40 anos de luta por Reforma Agrária Popular no Brasil”.
(Victor Furtado, da Redação do Fato Regional)
LEIA MAIS, NO FATO REGIONAL:
- Defesa Civil monitora cheia acima do normal de rios e igarapés de São Félix do Xingu
- Equatorial Pará informa que boletos da conta de luz agora serão emitidos pelo Banco do Brasil
- Polícia Federal prende ex-deputado federal Wladimir Costa no Aeroporto Internacional de Belém
- ‘AJOELHA, AJOELHA’: trio atira contra casal em Redenção, matando rapaz e deixando moça ferida