domingo, 5 de maio de 2024

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Superintendente do Incra se reúne com grupo do MST que ocupa fazenda Aquidoana em Parauapebas; fazendeiros pedem ajuda

Nas redes sociais, Renilda Benevides, uma das proprietárias atuais da fazenda, aponta excessos e danos provocados pelos membros do MST que ocuparam a propriedade no dia 15 de abril, numa ação alusiva à campanha 'Abril Vermelho'. O grupo nega as acusações e fala em 'irregularidades'.
A ocupação da fazenda Aquidoana em Parauapebas ocorreu no dia 15 de abril (Foto: Divulgação / MST)

No dia 15 de abril, numa ação da campanha “Abril Vermelho”, um grupo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terras (MST) do Pará ocupou a fazenda Aquidoana, em Parauapebas, sudeste do estado. A propriedade segue ocupada e na tarde desta quarta-feira (17), uma equipe do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) se reuniu com os ocupantes. Nas redes sociais, os atuais proprietários apontam abusos, prejuízos e pediram ajuda para solucionar a situação.

Em um vídeo no perfil dela no Instagram, Renilda Benevides, empresária casada com Edvaldo Benevides, se posiciona como cidadã, geradora de emprego e engajada em ações comunitárias em Parauapebas. “Nós temos uma terra na Palmares II e ela foi invadida domingo de manhã. É uma terra de 50 alqueires. Temos título definitivo dela. É uma terra que nós lutamos, trabalhamos, uma terra produtiva e inclusive eles estão nos causando danos. Obrigando-nos a dar bois pra eles. Já mataram vários”, diz.

“Eu queria fazer um apelo, pra comunidade, para a sociedade, para a justiça, para as autoridades competentes. Nos ajudem. Nós estamos nos sentindo desrespeitados, humilhados. Ajude-nos. Eu creio na justiça e na justiça divina”, diz a empresária Renilda Benevides no vídeo publicado no perfil dela no Instagram. Por enquanto, não há informações confirmadas sobre processos de reintegração de posse da fazenda Aquidoana.

A comitiva do Incra foi composta pelo superintendente regional de Marabá, Claudinei Chalito, e de Cloves Júnior; a diretora da Câmara de Conciliação Agrária do Incra Brasília, Maíra Coaraci e do diretor de Assuntos Estratégicos do instituto, Gustavo Noronha. Em nota ao Fato Regional, a coordenação do MST informou que, na reunião, a equipe “…Reforçou o compromisso do Incra SR 27 a continuar com as vistorias das 15 áreas indicadas pelo MST e pleitear a aquisição da área ocupada para fazer o acampamento temporário enquanto aguardamos a realização das vistorias”.

Registro da reunião e diálogo promovido pelo Incra SR 27 na ocupação da fazenda Aquidoana (Foto: Divulgação / MST)

O que diz o MST sobre a ocupação da fazenda Aquidoana, em Parauapebas?

Sobre a ocupação, o MST disse que a propriedade foi escolhida para o ato do Abril Vermelho porque “…já estava à venda antes da ocupação e está em negociação com o Incra SR 27 para compra e construção do acampamento provisório até a vistoria das 15 áreas solicitadas pelo movimento ao Incra, incluindo a da fazenda Santa Tereza, terra essa que foi grilada pela família Miranda e responde por processos por assassinar trabalhadores rurais, envolvida em casos de trabalho escravo, garimpo ilegal e desmatamento”.

Sobre os bois mortos, como acusou a empresária e atual proprietária da fazenda, o movimento disse: “Os donos da fazenda arrendaram o pasto para o gado da família Miranda. No dia da ocupação, os funcionários da família Miranda foram lá solicitar a retirada do gado e dos tratores. E foram eles próprios que propuseram deixar 10 cabeças de gado para a alimentação das famílias (temos um vídeo sobre). Em um trecho da conversa, um deles diz: ‘Nós vamos dar 10 bois, isso ai tá tranquilo, o Edinho dá! Se ele não der eu dou das minhas vacas lá no repartimento, pra resolver isso’. Portanto, é falsa a acusação da fazendeira que nem gado lá tinha”.

Ao final dos questionamentos do Fato Regional, o MST reconheceu a titulação da terra, mas questionou a legitimidade do processo “Eles [fazendeiros] se apropriaram de 50 hectares da gleba Itacaiúnas, área que faz parte do Assentamento Palmares II, o que já é irregular pois se configura em especulação fundiária. No entanto, eles conseguiram titular a terra. Portanto, as acusações e difamações promovidas por empresários e fazendeiros não nos surpreende nesses 40 anos de luta por Reforma Agrária Popular no Brasil”.

(Victor Furtado, da Redação do Fato Regional)


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