Uma comitiva do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Governo Federal participou de uma assembleia com indígenas Parakanã, no sul do Pará, para fazer a “devolução simbólica” da Apyterewa à etnia. A área, que ocupa quase 774 mil hectares do território de São Félix do Xingu, passou por um processo de desintrusão e que resultou em cerca de 2 mil famílias expulsas. Enquanto o povo originário planeja a ocupação e gestão da terra, os antigos ocupantes vivem agora em condições precárias num acampamento improvisado.
A reunião ocorreu no dia 6 de março, alguns meses após o processo de desintrusão ter sido dado como concluído. Foi feita a assinatura de um ato governamental que marcou o fim oficial da operação. Envolvendo mais de 300 agentes federais, a operação deixou para trás um rastro de destruição do patrimônio das famílias expulsas e de desigualdade social de quem ainda não sabe como recomeçar a vida. O processo foi marcado pela morte de um trabalhador rural até o momento sem resposta e vários protestos.
“Nós não éramos invasores como dizem. Éramos trabalhadores, moradores da Vila Renascer, mais de 2 mil famílias. E agora estamos aqui, morando na beira da estrada, nos organizando no barracão Boa Fé. Escorraçaram a gente. Estão se preocupando mais com os cachorros do que com as pessoas, as crianças… temos mulheres grávidas, seres humanos jogados na beira da estrada e vivendo de doações, vivendo em condições desumanas!”, declarou uma ex-moradora da Apyterewa, em um vídeo que circula nas redes sociais.
A operação de desintrusão da Apyterewa começou em outubro de 2023, sob intenso questionamento jurídico da natureza do processo. A operação foi determinada pelo ministro presidente do STF, Luís Roberto Barroso, e não pelo governo Lula, como muitas pessoas acreditam. O Governo Federal foi intimado e obrigado a cumprir a decisão judicial. O processo chegou a ser alvo das investigações da CPI das ONGs, mas também não houve resultados práticos.
(Da Redação do Fato Regional)
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