sexta-feira, 17 de maio de 2024

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Sem comida e água potável, acampamento de famílias expulsas da Apyterewa é alagado após transbordamento de córrego em São Félix do Xingu

O drama social das famílias expulsas da Extensão Apyterewa se agrava com o passar do tempo e falta de condições mínimas e dignas de sobrevivência
Novo capítulo do drama social das famílias expulsas da Apyterewa envolve o alagamento e evolução da precariedade vivida por essas pessoas (Foto: Divulgação)

As famílias que foram expulsas da Extensão Apyterewa, em São Félix do Xingu, seguem sem comida e água potável no acampamento que improvisaram a cerca de 1,5 km da Vila São Francisco, um dos três grandes antigos núcleos de moradores. Após passarem o Natal em meio à precariedade, o começo de 2024 trouxe um novo desafio: um córrego transbordou e alagou as barracas, trazendo ainda mais prejuízos ao pouco que restou de dignidade a essas pessoas. Várias pessoas ficaram ilhadas.

Diante da pressão dos agentes federais na operação de desintrusão da Apyterewa — vários moradores, de forma anônima, relatam truculência policial —, famílias saíram apenas com a roupa do corpo. Sem condições de levar outros bens, deixaram móveis e animais para trás, junto com sonhos. O acampamento acabou deixando pessoas ainda mais isoladas e sem perspectivas. O deputado  estadual Torrinho Torres (Podemos) lamentou o drama social pelo qual essas pessoas estão passando.

“Sem comida, sem moradia, sem roupa. É uma situação precária, triste e lamentável. É de doer no coração das pessoas. Isso não poderia ter ocorrido dessa maneira. A Justiça deveria ter estabelecido prazos e soluções para o Governo Federal cumprir com as ações sociais e garantir que as famílias clientes da reforma agrária tivesse lugar fixo para remanejamento e assentamento das pessoas que lá vivem”, comentou Torrinho, que desde o primeiro semestre de 2023 alertava para os impactos que seriam provocados com a desintrusão.

O prefeito de São Félix do Xingu, João Cleber (MDB), também lamentou a situação das famílias que receberam ajuda da prefeitura e do Governo do Pará, através do governador Helder Barbalho (MDB), mas que ainda carecem de mais medidas para que tenham a dignidade e qualidade de vida devolvidas neste novo ano. No momento, o município não tem recursos e estruturas para absorver e mitigar todo o impacto social provocado pela desintrusão. O município ainda deve ter mais chuvas fortes nesta semana e próximos diaso que pode piorar a situação com mais transbordamentos.

Várias pessoas expulsas da Apyterewa se mobilizaram de forma coletiva para tentar montar abrigos para as famílias expulsas (Foto: Neia Craveiro / Especial para o Fato Regional)

A desintrusão começou em outubro para a retirada total das cerca de 2 mil famílias que moravam na área de 774 mil hectares, que será destinada à vivência exclusiva dos indígenas da etnia Parakanã e preservação ambiental. A ação foi determinada pelo ministro presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso. Forças federais permanecem na área para evitar o retorno de pessoas que foram expulsas.

relatório final da CPI das ONGs, que esteve em São Félix do Xingu, aponta que houve erros históricos e legais na demarcação da área destinada aos indígenas Parakanã, que deveria passar por um novo estudo antropológico. O Governo Federal dá o processo como concluído e o STF diz que não há mais o que se questionar sobre as decisões tomadas em relação à área.

(Da Redação do Fato Regional)


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